sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

  


Consagração ao Imaculado Coração de Maria

Texto da Consagração ao Imaculado Coração de Maria do Movimento Sacerdotal e Leigo Mariano

Virgem de Fátima, Mãe de Misericórdia, Rainha do Céu e da Terra, Refúgio dos pecadores, nós, aderindo ao Movimento Mariano, consagramo-nos de modo especialíssimo ao Vosso Coração Imaculado.

Com este ato de consagração pretendemos viver, convosco e por meio de Vós, todos os compromissos assumidos na nossa consagração batismal.

Comprometemo-nos, igualmente, a realizar em nós a conversão interior tão pedida no Evangelho, a qual nos liberte de todo o apego a nós mesmos e dos compromissos fáceis com o mundo, para estarmos, como Vós, sempre e unicamente dispostos a fazer a Vontade do Pai.

Desejamos confiar-Vos, a Vós Mãe dulcíssima e misericordiosa, a nossa vida e vocação cristã, para que de tudo disponhais para os Vossos desígnios de salvação nesta hora decisiva que pesa sobre o mundo.

Comprometemo-nos a vivê-la segundo os Vossos desejos, em particular no espírito de oração e de penitência, na participação fervorosa da Eucaristia, no apostolado, na reza diária do terço e num modo austero de vida conforme ao Evangelho, o qual dê, a todos, bom exemplo de observância da Lei de Deus e do exercício das virtudes cristãs, especialmente da pureza.

Prometemo-vos ainda manter-nos unidos ao Santo Padre, à Hierarquia e aos nossos Sacerdotes, de modo a opormos uma barreira à onda de contestação do Magistério, que ameaça a Igreja até aos fundamentos.

Sob o Vosso maternal amparo queremos tornar-nos apóstolos da necessidade, tão atual, de oração e amor ao Santo Padre, para quem suplicamos a Vossa especial proteção.

Prometemo-Vos, por último, levar quanto nos for possível, as almas com quem entrarmos em contacto a renovar a sua devoção para convosco.

Conscientes de que o ateísmo fez naufragar na fé grande número de fiéis, que a dessacralização entrou no Templo Santo de Deus, de que o mal e o pecado inundam cada vez mais o mundo, levantamos confiantes os nossos olhares para Vós, Mãe de Jesus e Mãe nossa, compassiva e poderosa, e ousamos de novo invocar e esperar de Vós a salvação para todos os vossos filhos, oh! clemente, oh! piedosa, oh! doce sempre Virgem Maria.

DEVOÇÃO MARIANA


Comunhão Reparadora nos Primeiros Sábados


Cinco Primeiros Sábados


I – A DEVOÇÃO DOS PRIMEIROS SÁBADOS

 Na Aparição do dia 13 de Julho anunciou Nossa Senhora em Fátima: “Para impedir a guerra virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos Primeiros Sábados”.
Esta última devoção veio pedi-la, aparecendo à Irmã Lúcia a 10-12-1925, em Pontevedra, Espanha. Disse então: 
“Olha, minha filha, o meu coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos me cravam com blasfémias e ingratidões. Tu, ao menos, procura consolar-me e diz que prometo assistir na hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação, a todos os que, no Primeiro Sábado de cinco meses seguidos, se confessarem, receberem a Sagrada Comunhão, rezarem um terço e me fizerem companhia durante quinze minutos, meditando nos 15 mistérios do Rosário com o fim de me desagravar”.
Nª Senhora mostrou o seu Coração rodeado de espinhos, que significam os nossos pecados. Pediu que fizéssemos actos de desagravo para Lhos tirar, com a devoção reparadora dos cinco Primeiros Sábados. Em recompensa, promete-nos "todas as graças necessárias para a salvação”.
Jesus nos dois anos seguintes, 15 de Fevereiro de 1926 e 17 de Dezembro de 1927, insiste para que se propague esta devoção. Lúcia escreveu: “Da prática da devoção dos Primeiros Sábados, unida à consagração ao Imaculado Coração de Maria, depende a guerra ou a paz do mundo”.


 II – CINCO, POR QUÊ?

 São cinco os Primeiros Sábados por, segundo revelou Jesus, serem “cinco as espécies de ofensas e blasfémias proferidas contra o Imaculado Coração de Maria.

 1. – As blasfémias contra a Imaculada Conceição,
2. – Contra a sua Virgindade;
3. – Contra a Maternidade Divina, recusando ao mesmo tempo recebê-la como Mãe dos homens;
4. – Os que procuram infundir nos corações das crianças a indiferença, o desprezo e até o ódio contra esta Imaculada Mãe;
5. – Os que A ultrajem directamente nas suas sagradas imagens”.

III – CONDIÇÕES

As condições para ganhar o privilégio dos Primeiros Sábados são quatro:

1. Confissão. Para cada Primeiro Sábado é precisa uma confissão com intenção reparadora. Pode fazer-se em qualquer dia, antes ou depois do Primeiro Sábado, contanto que se receba a Comunhão em estado de graça.
A vidente perguntou: – “Meu Jesus, as (pessoas) que se esquecerem de formar essa intenção (reparadora)? Jesus respondeu – Podem formá-la na confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião que tiverem para se confessar”.
As outras três condições devem cumprir-se no próprio Primeiro Sábado, a não ser que algum sacerdote, por justos motivos, conceda que se possam fazer no domingo a seguir.

2. A Comunhão Reparadora.

3. O Terço.

4. A meditação, durante 15 minutos, de um só mistério, de vários ou de todos. Também vale uma meditação ou explicação de 3 minutos antes de cada um dos 5 mistérios do terço que se está a rezar.

Em todas estas quatro práticas deve-se ter a intenção de desagravar o Imaculado Coração de Maria.
A devoção dos 5 Primeiros Sábados foi aprovada pelo Bispo de Leiria a 13-9-1939, em Fátima.


ACTO DE CONSAGRAÇÃO E DESAGRAVO

Virgem Santíssima e Mãe nossa querida, ao mostrardes o vosso Coração cercado de espinhos, símbolo das blasfémias e ingratidões com que os homens ingratos pagam as finezas do vosso amor, pedistes que Vos consolássemos e desagravássemos.

Ao ouvir as vossas amargas queixas, desejamos desagravar o vosso doloroso e Imaculado Coração que a maldade dos homens fere com os duros espinhos dos seus pecados.
Dum modo especial Vos queremos desagravar das injúrias sacrilegamente proferidas contra a vossa Conceição Imaculada e Santa Virgindade. Muitos, Senhora, negam que sejais Mãe de Deus e nem Vos querem aceitar como terna Mãe dos homens. Outros, não Vos podendo ultrajar directamente, descarregam nas vossas sagradas imagens a sua cólera satânica. Nem faltam também aqueles que procuram infundir nos corações das crianças inocentes, indiferença, desprezo e até ódio contra Vós.

Virgem Santíssima, aqui prostrados aos vossos pés, nós Vos mostramos a pena que sentimos por todas estas ofensas e prometemos reparar com os nossos sacrifícios, comunhões e orações tantas ofensas destes vossos filhos ingratos.
Reconhecendo que também nós, nem sempre correspondemos às vossas predilecções, nem Vos honrámos e amámos como Mãe, suplicamos para os nossos pecados misericordioso perdão.


Para todos quantos são vossos filhos e particularmente para nós, que nos consagramos inteiramente ao vosso Coração Imaculado, seja-nos ele o refúgio durante a vida e o caminho que nos conduza até Deus. Assim seja.
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Cinco, porquê?

O Padre José Bernardo Gonçalves (1894-1966) propôs em Maio de 1930 à Irmã Lúcia, de quem foi confessor, seis perguntas para as quais pedia esclarecimento.

Eis o que se refere à quarta, com a respectiva resposta dada por escrito:

«Porque hão-de ser ‘5 sábados’ e não 9 ou 7 em honra das dores de Nossa Senhora?

Ficando na capela com Nosso Senhor parte da noite do dia 29 para 30 deste mês de Maio de 1930, e falando a Nosso Senhor das duas perguntas 4.ª e 5.ª, senti-me de repente possuída intimamente da divina presença; e, se não me engano, foi-me revelado o seguinte:

‘Minha filha, o motivo é simples: são 5 as espécies de ofensas e blasfémias contra o Imaculado Coração de Maria:

1.ª – As blasfémias contra a Imaculada Conceição.

2.ª – Contra a Sua virgindade.

3.ª – Contra a Maternidade Divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens;

4.ª – Os que procuram publicamente infundir, nos corações das crianças, a indiferença, o desprezo, e até o ódio para com esta Imaculada Mãe;

5.ª – Os que A ultrajam directamente nas suas sagradas Imagens.

Eis, Minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir esta pequena reparação; e, em atenção a ela, mover a minha misericórdia ao perdão para com essas almas que tiveram a desgraça de A ofender».
Primeira ofensa: negação da Imaculada Conceição.

A 8 de Dezembro de 1854, definiu o Papa Pio IX: «Declaramos, pronunciamos e definimos, que a doutrina que sustenta que a bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, foi por graça e privilégio singular de Deus Todo-Poderoso... preservada e imune de toda a mancha do pecado original, foi revelada por Deus e como tal deve ser firme e constantemente acreditada por todos os fiéis».

Recusam este privilégio várias confissões protestantes, os racionalistas, e implicitamente aqueles que negam o pecado original, pois que a Imaculada Conceição é precisamente a isenção dessa mancha, que em tal hipótese não exisitria.
Segunda ofensa: negação da Virgindade perpétua de Maria.

A 6 de Novembro de 1982 disse João Paulo II no Santuário do Pilar em Saragoça, Espanha: «De modo virginal ‘sem intervenção de varão, e por obra do Espírito Santo, Maria deu a natureza humana ao Filho Eterno do Pai. De modo virginal nasceu de Maria um corpo santo. É a fé que...o Papa Paulo IV articulava na forma ternária de Virgem ‘antes do parto, no parto e perpetuamente depois do parto’. É a mesma que ensina Paulo VI: ‘Cremos que Maria é Mãe sempre Virgem do Verbo encarnado».

Opõem-se a esta verdade os que negam que a Conceição e o parto de Jesus não foram virginais, e que Maria não conservou no parto a sua integridade, assim como aqueles que afirmam que Ela teve mais filhos além de Jesus.

Terceira ofensa: negação da maternidade divina e espiritual de Maria.

Declarou o III Concílio de Constantinopla no ano de 680: «Nosso Senhor Jesus Cristo – nasceu do Espírito Santo e de Maria Virgem, que é, segundo a humanidade, própria e verdadeiramente Mãe de Deus».

É também Mãe espiritual dos homens, pela sua participação no Mistério da Encarnação e Co-redenção.

Quarta ofensa: ódio para com a Imaculada Mãe de Deus.

A ideologia Marxista-comunista procurou eliminar todos os vestígios de religião, a começar pelas crianças. O Ministério da Educação soviética declarou nesses tempos: «A educação comunista tem como fim principal eliminar todos os vestígios da religião». Ensinava-se às crianças o racionalismo puro e, além disso, em certa nação, os pequeninos aprendiam «ladaínhas» de injúrias contra a Mãe de Deus.

Quinta ofensa: ultrajes às sagradas imagens.

Chegou-se ao descaramento de destruir e ultrajar as imagens de Nossa Senhora, sobretudo quando expostas em público. 

Certamente também desgostam a Maria Santíssima aqueles que tiram dos templos as suas imagens ou as reduzem ao mínimo, contrariando o Concílio Vaticano II. «Observem religiosamente aquelas coisas que nos tempos passados foram decretadas acerca do culto das imagens de Cristo, da Bem-aventura Virgem e dos Santos».

São estas cinco ofensas a Maria que devemos reparar nos cinco primeiros sábados.
Textos P. Fernando Leite, sj

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA


CATECISMO MAIOR DE SÃO PIO X

RESUMO:
O Catecismo de São Pio X é um excelente resumo do Catecismo Romano, mais adequado à formação dos jovens e adultos.  Em linguagem clara e concisa, suas perguntas e respostas ajudam a reter a essência da doutrina católica de todos os tempos. Vem com dois anexos: As Festas do Ano Litúrgico e História da Religião, abrangendo o Antigo Testamento, o Novo Testamento e a História da Igreja.

Detalhes
Editora Permanência
242 páginas
ISBN 85-85432-11-x

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EUTANÁSIA

Grávida em estado de “morte cerebral”
(desligamento do ventilador causa morte da criança em gestação)

Por Pe. Luiz Carlos Lodi *
  
Em 26 de novembro de 2013, Marlise Muñoz, 33 anos, foi encontrada inconsciente no chão da cozinha de sua casa em Haltom City (possivelmente por causa de uma embolia pulmonar) e levada por seu marido Erich Muñoz ao Hospital John Peter Smith, na cidade de Fort Worth, Texas, Estados Unidos. Os médicos constataram duas coisas: que Marlise Munõz estava “cerebralmente morta” e que estava grávida de um bebê de 14 semanas. Erich pediu ao hospital que desligasse o “suporte vital” de sua esposa. Os médicos se recusaram, alegando que, segundo uma lei do Texas, “ninguém pode retirar ou suspender o tratamento de suporte vital... de uma paciente grávida”[1]. Erich recorreu então ao Tribunal Estadual. Os verdadeiros motivos de Erich parecem ter sido eugênicos. Segundo seu advogado, a criança (“feto”) teria sofrido alguma lesão devido à privação de oxigênio de sua mãe: os membros inferiores estariam deformados, haveria acúmulo de líquido no crânio e, provavelmente, problemas cardíacos[2]. Isso explicaria a pressa em desligar o respirador da mãe antes que o bebê atingisse a maturidade suficiente para sobreviver após ser extraído por cesariana.

Em 24 de janeiro de 2014, o juiz Judge R. H. Wallace Jr. determinou que o Hospital deveria desconectar o suporte vital de Marlise Muñoz até as 17 horas do dia 27 de janeiro. O argumento da decisão é que a lei não se aplicava a pacientes “mortos” como Marlise. Às 11h30min do dia 27 de janeiro, o hospital cumpriu a ordem judicial, que teve como consequência a morte da criança, já com a idade de 22 semanas.

Segundo Jennifer Mason, diretora de comunicação da instituição Personhood USA, esse foi o primeiro caso de um aborto forçado no Texas, ou seja, contra a vontade da mãe, que não havia decidido praticá-lo. Mason argumenta que Marlise havia optado pela vida de seu bebê, quando estava em pleno uso de suas faculdades[3].

O problema da “morte cerebral”

Antes de 1968, diz o neonatalogista Paul Byrne, um médico atestava a morte quando não havia respiração nem batimentos cardíacos nem resposta a estímulos. Hoje uma pessoa pode ser declarada “cerebralmente morta” mesmo que o coração esteja batendo e estejam normais sua pulsação, sua pressão sanguínea, sua cor e sua temperatura[4].

A mudança do critério cardiorrespiratório para o critério neurológico de certificação da morte ocorreu logo após o primeiro transplante de coração, realizado pela equipe do cirurgião Christiaan Barnard em 3 de dezembro de 1967 na Cidade do Cabo, África do Sul. No mês seguinte reuniu-se nos Estados Unidos um Comitê ad hoc da Escola de Medicina de Harvard para redefinir a morte como “morte cerebral”. Em menos de seis meses, o trabalho do Comitê já estava pronto. Seu relatório foi publicado na edição de agosto de 1968 da Revista da Associação Médica Americana[5], começando com as seguintes palavras: “A nossa intenção principal é definir o coma irreversível como novo critério de morte”. Parece, porém, que a intenção última do Comitê era criar um novo critério de morte que permitisse a extração de órgãos vitais (como o coração, pulmões ou fígado) de pacientes comatosos conectados a respiradores. Isso evitaria que fossem acusados de homicídio aqueles que retirassem tais órgãos de pessoas que tivessem o coração ainda batendo. O novo critério, dito neurológico, considera a morte equivalente à “parada total e irreversível da atividade encefálica”[6], ou então, à “cessação total e irreversível de toda a atividade encefálica (cérebro, cerebelo e tronco encefálico)”[7]. Embora a aceitação do novo critério tenha sido quase universal, não faltaram nem faltam vozes dissidentes. Eis alguns problemas:

1º) Não há apenas um, mas dezenas de diferentes conjuntos de critérios usados para a certificação “da morte cerebral”, cada um menos exigente que o outro. Segundo Paul Byrne, um paciente poderia ser considerado cerebralmente “morto” usando um conjunto de critérios, mas vivo usando outro conjunto.

2º) Os exames e testes atuais, segundo Robert Truog e James Fackler, não são capazes de verificar a ausência de todas as funções encefálicas, mas apenas de algumas.

3º) Ainda que houvesse meios de verificar a ausência de todas as funções encefálicas, isso não significaria que o paciente está morto. Segundo Alan Shewmon, o encéfalo não é, como se afirma, uma condição necessária para a existência de um organismo integrado. De um ponto de vista biológico-sistêmico, diz Rainer Beckmann, não apenas o encéfalo mantém vivos o coração, os pulmões e os rins, mas também esses órgãos mantêm vivo o encéfalo. Portanto, o encéfalo não pode ser visto como o elemento absolutamente decisivo para a manutenção da vida do ser humano.

4º) Não caberia à alma racional, em vez de algum órgão como o encéfalo, servir de princípio integrador do organismo? Ora, ela está presente desde a concepção, e não somente após o aparecimento do sistema nervoso ou do cérebro.

5º) Os pacientes “cerebralmente mortos”, embora sejam considerados cadáveres, apresentam sinais vitais: respiram (com o auxílio de um ventilador), conservam o corpo corado e quente, mantêm o coração batendo, os músculos e nervos reagindo a estímulos, a pulsação e a pressão sanguínea estáveis.

6º) Quando a incisão é feita sobre o paciente “cerebralmente morto”, a fim de extrair-lhe os órgãos, frequentemente o “cadáver” reage movendo-se, franzindo o rosto e contorcendo-se, a menos que previamente seja aplicada uma droga paralisante. Mesmo paralisado, sua pressão sanguínea e seu ritmo cardíaco crescem dramaticamente. Segundo Byrne, o coração continua batendo até que o cirurgião o pare, imediatamente antes de extraí-lo.

7º) Segundo o neurologista Cícero Galli Coimbra, o “teste da apneia”, que consiste no desligamento do ventilador por 10 minutos, a fim de verificar se há respiração espontânea, acaba agravando o estado do paciente, que muitas vezes poderia recuperar-se através de um procedimento simples chamado hipotermia (resfriamento do corpo de 37°C para 33°C por apenas 12 a 24 horas).

Um cadáver pode gestar uma criança?

Um dos argumentos mais fortes contra o critério neurológico é o fato de que gestantes declaradas “cerebralmente mortas”, como Marlise Muñoz, continuam alimentando, oxigenando e protegendo seus filhos. Na Hungria, outra gestante declarada “cerebralmente morta” foi mantida conectada ao respirador por três meses (103 dias) até dar à luz por cesariana em julho de 2013, na 27ª semana, uma criança de 1,4 kg[8].

Conclusão:

“Os órgãos vitais individualmente só podem ser removidos após a morte”, ou seja: somente diante da “certeza moral” de que o indivíduo está morto, é lícito remover tais órgãos para fins de transplante[9]. A julgar pelos fatos relatados acima, estamos muito longe de ter a “certeza moral” de que alguém morreu porque seu encéfalo deixou de funcionar.

Segundo Paul Byrne, Marlise Munõz estava viva até ser desligado o respirador. A desconexão do aparelho causou, então, duas mortes: a da mãe (por ser considerada morta) e a da criança (por ser considerada de “má qualidade”).

Anápolis, 12 de fevereiro de 2014.
* Diretor do Pró-vida Anápolis.

NOTAS
[1] http://codes.lp.findlaw.com/txstatutes/HS/2/H/166/B/166.049
[2] Cf. http://www.dallasnews.com/news/20140122-fetus-in-brain-dead-tarrant-woman-distinctly-abnormal-attorneys-say.ece?nclick_check=1
[3] Cf. http://www.personhoodusa.com/press-release/personhood-usa-opinion-first-forced-abortion-documented-in-texas/
[4] Cf. http://www.olvrc.com/medical/wanted.html
[5] “A Definition of Death. Report of the Ad Hoc Committe of the Harvard Medical School to Examine the Definition of Brain Death”, in “Journal of the American Medical Association”, 205, 1968, p. 337-340.
[6] RESOLUÇÃO CFM nº 1.480/97, à qual faz remissão a Lei dos Transplantes (Lei 9434/97, art. 3º).
[7] JOÃO PAULO II. Discurso no 18º Congresso Internacional da Sociedade dos Transplantes, 29 ago. 2000.
[8] O parto teve que ser antecipado por causa de problemas circulatórios da mãe.
Cf. http://www.lifesitenews.com/news/hungarians-welcome-baby-born-to-brain-dead-mother

[9] Cf. JOÃO PAULO II. Discurso no 18º Congresso Internacional da Sociedade dos Transplantes, 29 ago. 2000

OS SANTOS PADRES DA IGREJA

«Louvores dos Santos Padres à Maria»
* * *
Ave, alegria que desejamos.
Ave, exaltação do gozo da Igreja.
Ave, nome que emana doçura.
Ave, rosto que emana bondade divina.
Ave, morada de santidade.
Ave, Mãe revestida de luz, que engendras o Sol sem ocaso.
Ave, Mãe pura em santidade.
Ave, fonte corrente de água que leva a vida.
Ave, Mãe misteriosa e inexplicável.
Ave, livro novo que encerra a nova mensagem de Deus.
Ave, alabastro que contêm a mirra de santidade que procede de Deus.
Ave, beleza que prega a riqueza da virgindade.
Ave, criatura que levas o teu Criador.
Ave, tu que conténs o que nada pode conter.
Ave, tabernáculo de Deus e do Verbo.
Ave, a maior Santa de todas as santas.
Ave, Arca da Aliança, que nos fazes presentes a Deus.
Ave, tesouro inesgotável de vida.
Ave, diadema precioso dos reis piedosos.
Ave, gloria venerável dos Santos Padres.
Ave, nuvem luminosa, que derramas sobre nós
a brisa espiritual e divina.
Ave, fonte plena dos dons de Deus.
Ave, Cheia de graça, de quem nasceu o Sol da salvação.
Ave, que nos entregas a Cristo,
Sol que enche de bondade a Criação.
Ave, tu por quem brindam os troféus.
Ave, tu por quem sucumbem os inimigos.
Ave, saúde de meu corpo.
Ave, salvação de minha alma.

* * *
Ave, flor de imortalidade.
Ave, coroa de castidade.
Ave, cheia de graça, arca de santidade e ramo de justiça.
Ave, Maria, plantada por Deus, que floresces como uma flor incorruptível.
Ave, tu que, com o ritmo cadencioso de teus passos, pisoteaste o diabo.
Ave, oh Esposa de Deus, que puseste sobre nós o manto divino do perdão.
Ave, árvore com frutos de luz.
Ave, bosque com ramagem abundante, onde muitos vem se proteger.
Ave, tu que levas em teu seio o Guia dos extraviados.
Ave, satisfação do supremo Juiz.
Ave, reconciliação de muitos pecadores.
Ave, coroa de confiança para os necesitados.
Ave, amor que supera todo desejo.
Ave, Mãe do Cordeiro sem mancha e da Pedra angular da Igreja.
Ave, Cheia de graça, verdadeiro incensório de ouro.
Ave, Tesouro de pureza, sacratíssimo e sem mancha alguma.
Ave, Nuvem resplandecente do Espírito vivificante.
Ave, que trazes a chuva da misericórdia, que banha todo o criado.
Ave, que nos dás o Verbo de Deus para atrair os extraviados.
Ave, Mãe do que vem reconciliar-nos, e com Deus.
Ave, Cheia de graça, esperança de todas nações da terra.
Ave, que transformaste a dor em gozo.
Ave, Cheia de graça imaculada.
Ave, que dispuseste para a sepultura o Cordeiro de Deus.
Ave, Cheia de graça, gozo da alma.
Ave, boa mediadora de todos os pecadores.
Ave, Cheia de graça, refúgio admirável e compassivo.
Ave, tu que és contemplada como a formosura mais grandiosa e excelsa.

* * *

Ave, raio de sol espiritual.
Ave, tu que fazes surgir a luz do astro ponente.
Ave, claridade que ilumina a as almas.
Ave, relâmpago que estremece aos inimigos.
Ave, porque tu fizeste que e levantasse uma uma luminosa claridade.
Ave, porque tu fazes brotar um rio de águas abundantes.
Ave, vivente imagem da fonte  batismal.
Ave, tu que apagas a mancha do pecado.
Ave, fonte que lava a consciência.
Ave, cálice que encerra a alegria.
Ave, perfume do bom odor de Cristo.
Ave, palácio sagrado, imaculado e puríssimo do Senhor, Rei do universo.
Ave, fonte do gozo espiritual mais pleno.
Ave, oh ameno e espiritual paraíso de Deus.
Ave, Cheia de graça , terra fecunda em aromas.
Ave, arca portadora de vida e novo vaso perfumado do Espírito.
Ave, tu que fazes resplandecer a imagem da Ressurreição.
Ave, tu que manifestas a vida angélica.
Ave, Cheia de graça, candelabro de ouro, que sustentas lâmpadas acesas.
Ave, Cheia de graça, mesa que contém o Pão da vida.
Ave, Cheia de graça, monte de Deus, monte fecundo.
Ave, monte de Deus manifestado ante todo o mundo.
Ave, muralha inexpugnável da Igreja.
Ave, muro indestrutível do Reino.
Ave, Mãe da Igreja, da nova Sião e da Nova Jerusalém.
Ave, em quem nos reconhecemos e nos encontramos com Deus.
Ave, cheia de graça, monte de Deus manifestado ante todo o mundo.
Ave, cheia de graça, refúgio admirável e compassivo,
auxílio para todos os cristãos
e que és contemplada como a formosura mais grandiosa e excelsa.
* * *


TraduçãoPe. André Sperandi

HISTÓRIA DA IGREJA


A Arte Cristã

(www.ecclesia.com.br)

xistem várias formas de classificar e estudar as obras de arte. Elas podem ser agrupadas por estilo, por período, por seu país de origem, por um reinado, etc. Também é perfeitamente possível estudar obras de arte que foram inspiradas por uma determinada religião.
Assim, paralelamente aos artigos sobre a construção de igrejas ("A Igreja através dos tempos"), acreditando que um complementa o outro, A RELÍQUIA passa a publicar uma série de matérias sobre a Arte Cristã. E para contestar qualquer argumentação contrária, basta lembrar que os maiores artistas de todos os tempos, independentemente de seus princípios filosóficos, sempre se voltaram (e se voltam), vez por outra, para a criação de uma obra de arte inspirada pelo cristianismo. Seja pela interpretação pictórica dos textos bíblicos, pela representação de cenas do Apocalipse ou pela releitura do Cristo crucificado em diferentes criações.
Como todas as coisas, a Arte Cristã teve um começo e, neste caso, de forma surpreendente. Depois que Cristo deixou sua doutrina, doze trabalhadores da Palestina andaram pelo mundo e o modificaram espiritualmente. Tanto que até hoje milhões de pessoas do mundo inteiro se reúnem em torno das igrejas de suas cidades e vilas. Mas voltemos ao começo: a necessidade de um local para o culto, a primeira igreja, os primeiros símbolos, a ilustração da primeira Bíblia, o primeiro crucifixo, a primeira imagem de santo, a primeira Virgem e o Menino, toda a história cristã é retratada em sua arte.
Como toda criação artística, a arte religiosa sempre esteve sujeita a limitações, principalmente financeira (trabalha-se dentro de um orçamento). Como a Arte Cristã é utilitária, limita-se a criação do artista, pois a chamada arte eclesiástica serve às necessidades da Igreja, tudo dependendo das regras impostas, do tamanho dos templos e de suas formas de edificações. Na pintura, os acontecimentos que determinaram as origens da Igreja e os grandes mistérios da fé foram representados para instrução e edificação dos devotos. As exigências do clero eram rigorosas, sendo a utilização da obra definida no momento da encomenda. Sem contar que existiam formas tradicionais, quase obrigatórias, para representar alguns temas, como por exemplo a "Adoração dos Reis Magos", a "Entrada de Jesus em Jerusalém", "O Batismo de Cristo", "A Santa Ceia", etc. O fato é que pelo respeito e pela natureza sagrada da arte cristã, impediram o surgimento de maiores inovações, o que acabou contribuindo para seu esplendor.
Conforme foi dito no primeiro artigo "A Igreja através dos tempos", o cristianismo nasceu e se desenvolveu num mundo em que a religião, o império e o patriotismo eram muito ligados. Desenvolveu-se no âmago do paganismo imperial, da religião estatal e da expressiva lealdade do imperador. Também a arte era oficial, imperial e pagã, de forma que a arte cristã só poderia começar em pequena escala. As primitivas igrejas eram muito discretas, instaladas em construções simples sem qualquer característica que as identificasse. Em termos de arte, até o século IV, o máximo que os arqueólogos encontraram nessas casas foram pinturas do martírio, talvez apócrifas, de São João e São Paulo.
«Pintura mural do Batistério de Dura-Europos, séc. III. Embaixo as Três Marias no Santo Sepulcro»
Em uma pequena cidade fortificada chamada Dura-Europos, localizada nas margens do Eufrates, uma guarnição romana construiu, no ano de 265, um reforço alto de terra atrás das muralhas atacadas pelo inimigo, para isso derrubando várias casas, mas preservando o que seria uma igreja. Recentemente descoberta, essa casa, que era exatamente iguais às outras, possui uma porta falsa e um pátio quadrado que se liga a uma sala ampliada onde fora construída uma plataforma, provavelmente o altar. Num dos cantos, uma descoberta notável: um batistério com um receptáculo para banho, coberto por um baldaquino e fragmentos de afresco. Nas paredes do batistério, pintadas em estilo simples, cenas de Adão e Eva, Davi e Golias, Cristo andando sobre as águas, O Bom Pastor (foto ao lado) e uma procissão de mulheres levando velas para um sarcófago iluminado. De acordo com o professor Jean Lassus, foi um golpe de sorte entrar numa daquelas igrejas da Mesopotâmia e verificar a decoração em um cenário que naquela época era tão oriental quanto possível. Constatou-se tratar da "arte parda", provavelmente a arte alexandrina da Ásia, sendo reconhecíveis convenções e idéias características da arte bizantina, como o uso da frontalidade, ausência de relevo e a espiritualidade dos rostos. Embora a arte cristã se originasse fora do mundo mediterrâneo, foi por ele influenciada.

«Dafne, Grécia - Segunda metade do séc. XI.
Igreja construída com inspiração bizantina»

Expansão Bizantina

No século IX o Oriente assistiu o renascimento do poder bizantino, principalmente quando Basil se livrou de Miguel III e fundou a dinastia Macedônia, que reinou brilhantemente até a metade do século XI. Bizâncio reconquistou, em 880, as posições perdidas na Itália e Basil II livrou os Bálcãs das influências russas e búlgaras. O poderoso império ressurgiu depois que Nicéforo II expulsou os árabes, ocupando a Cilícia, a Síria, Armênia e Chipre.
«Crucificação de linhas sóbrias em Dafne»
A arte bizantina acompanhou a expansão do império, fazendo com que até as igrejas basilicais de estilo ocidental, na Sicília dominada pelos normandos, fosses decoradas com mosaicos bizantinos. O ponto de partida desta nova expansão era obviamente Constantinopla, onde Hagia Sophia recebeu nova decoração imperial, com os mosaicos cobrindo as paredes com motivos celebrando a coroação de imperadores, com o ícone substituindo o ídolo e de novo o mosaico, agora substituindo a escultura.
Basil II ordenou a construção de uma nova igreja em Constantinopla, chamada "Nea", que depois foi destruída, mas o seu modelo serviu para construir outra igreja, a da Assunção em Nicéia, que depois seria também destruída.
O mosteiro de Dafne, a exemplo de alguns no ocidente e muitos no Oriente, parece um oásis. A cúpula ergue-se sobre paredes brancas e douradas, entre ciprestes e palmeiras, com os mosaicos saudando o visitante com uma luz intensa, apesar de certa frieza clássica. A Crucificação é muito sóbria. A Virgem e São João são tratados isoladamente, este sendo apresentado como uma estátua, o que sugere antecedentes fora da arte cristã, da escultura grega antiga. Todos estes monumentos oferecem uma impressão de dignidade, discrição e nobreza. A influência da arte da corte pode ser sentida até mesmo em mosteiros distantes, a mesma impressão que se tem ao folhear as páginas de um manuscrito imperial bizantino desta época. Na Nea Moni as cenas estão mais próximas dos modelos de Constantinopla. Surpreende as pálpebras vermelhas e sombras verdes no rosto da virgem, que repousa sua face na mão de Cristo, enquanto Ele é retirado da cruz. Como acontece no excelente quadro do Batismo, os traços de Cristo, de São João e do anjo são mas impassíveis.
«Mosaico com o imperador Constantino II e a Imperatriz Zoé - 1030. Hagia Sophia Constantinopla»
Na Grécia, três igrejas são provas do esplendor da expansão bizantina. Todas são igrejas de mosteiros: Hosios Lukas na Fócida (início do século XI), Nea Moni em Chios (1050) e o mosteiro de Dafne na estrada de Atenas a Eleusis. Ainda surpreende descobrir nestas construções alguns toques peculiares à inspiração bizantina deste período. Hosios Lukas - igreja do mosteiro de São Lucas - tem uma cúpula central dominada por um medalhão de Cristo cercado de arcanjos e profetas. Acima de uma virgem sentada na abside existe outra cúpula com os apóstolos sentados em círculo recebendo a iluminação do Espírito Santo. Mos nichos sob a cúpula estão representadas a Anunciação, a Apresentação no Templo e o Batismo no Jordão. No lado oposto à entrada está a Crucificação - Cristo na cruz com a Virgem e São João, a Ressurreição, a Lavagem dos Pés e a Incredulidade de São Tomé.
As pinturas encontradas na igreja de Dura-Europos foram concebidas de forma idêntica às pinturas das catacumbas romanas, o que levou historiadores a afirmarem que a escolha de temas que seriam representados nas paredes já estaria pré-definidos e que a Igreja primitiva tinha acesso aos mesmos modelos que originaram os pisos de mosaicos pagãos executados em todo o Império Romano.
«Orans - Pintura sobre reboco do século III nas Catacumbas Romanas. Representa uma mulher com os braços levantados em súplica e oração num cenário que sugere o paraíso. Sob a pintura, os loculi, ou sepulturas escavadas na rocha»
Um dos dogmas da Igreja era a crença na segunda vinda de Cristo e esse tema da ressurreição do corpo foi também representado nas paredes de Dura-Europos. Se no início os cristãos achavam que o retorno do Messias era iminente, depois anunciaram que a profecia seria cumprida, mas em tempo indefinido. Provavelmente por isso os cristãos eram proibidos de cremar os mortos, prática comum entre os romanos.
Como os cristãos insistiam em sepultar os seus mortos, surgiram problemas relacionados com os cemitérios, tornando-se necessário um espaço maior. Se em muitos lugares foram criados cemitérios em áreas fora dos muros das cidades, ao ar livre, em Roma, particularmente, os católicos adotaram um tipo de cemitério usado anteriormente pelos pagãos e que consistia numa rede de túneis subterrâneos conhecidos como catacumbas. Como era necessário utilizar o mínimo da terra disponível, os túneis eram sempre estreitos. Quando todos os lóculos (loculi) estavam ocupados, a altura e profundidade do túnel eram aumentadas com a finalidade de receber mais corpos. Outros túneis seriam escavados no nível inferior e também em direções diferentes, o que resultou nos impressionantes labirintos em torno de Roma, tão extensos que ainda hoje novos túneis são descobertos.
«A Ressurrreição de Lázaro - Pintura sobre rebôco, séc. III - Catacumba de São Pedro, Roma»
As pinturas encontradas na igreja de Dura-Europos foram concebidas de forma idêntica às pinturas das catacumbas romanas, o que levou historiadores a afirmarem que a escolha de temas que seriam representados nas paredes já estaria pré-definidos e que a Igreja primitiva tinha acesso aos mesmos modelos que originaram os pisos de mosaicos pagãos executados em todo o Império Romano.
Um dos dogmas da Igreja era a crença na segunda vinda de Cristo e esse tema da ressurreição do corpo foi também representado nas paredes de Dura-Europos. Se no início os cristãos achavam que o retorno do Messias era iminente, depois anunciaram que a profecia seria cumprida, mas em tempo indefinido. Provavelmente por isso os cristãos eram proibidos de cremar os mortos, prática comum entre os romanos.
Como os cristãos insistiam em sepultar os seus mortos, surgiram problemas relacionados com os cemitérios, tornando-se necessário um espaço maior. Se em muitos lugares foram criados cemitérios em áreas fora dos muros das cidades, ao ar livre, em Roma, particularmente, os católicos adotaram um tipo de cemitério usado anteriormente pelos pagãos e que consistia numa rede de túneis subterrâneos conhecidos como catacumbas. Como era necessário utilizar o mínimo da terra disponível, os túneis eram sempre estreitos. Quando todos os lóculos (loculi) estavam ocupados, a altura e profundidade do túnel eram aumentadas com a finalidade de receber mais corpos. Outros túneis seriam escavados no nível inferior e também em direções diferentes, o que resultou nos impressionantes labirintos em torno de Roma, tão extensos que ainda hoje novos túneis são descobertos.

As pinturas das catacumbas

«Noé na Arca - séc. III, Catacumba de São Pedro e São Marcellinus, mostrando Noé com postura orans»
Considerar como grandes obras de arte as pinturas que decoravam as paredes das catacumbas, seria um exagero. Elas derivam da arte decorativa que a partir de Pompéia passou a ser usada na maioria das casas romanas. Com muita freqüência os temas das pinturas dos cristãos utilizavam motivos tradicionais como cupido, as estações, animais, cestos cheios de pães, etc. O Bom Pastor, tomado da arte pagã, era representado tocando uma flauta, com um carneiro no ombro ou cercado por seu rebanho. Embora representada por uma figura de mulher rezando com os braços levantados, a orans simboliza a alma de uma pessoa morta. Cenas do Antigo e do Novo Testamento também são encontradas nas paredes das catacumbas, sendo necessário algum conhecimento para identificar Noé emergindo de uma arca, Jonas adormecido sob o cabaceiro ou Daniel na cova dos leões. A multiplicação dos pães é representada por uma cesta cheia de pães e de peixes e se o apreciador não tiver conhecimento do castigo imposto por Nabucodonosor, aos três blasfemadores hebreus, não vai entender a cena dos três jovens lançados na fogueira. Mais tarde aparecem imagens mais elaboradas, como a adoração dos Reis Magos e outras.
Os estilos de todas estas pinturas são fluentes e descontraídos, as cores são alegres e claras. Os movimentos e as atitudes das figuras são de concepção arrojada, mas os rostos são apenas esboçados na maioria das vezes. Estes trabalhos antigos têm mais importância do ponto de vista religioso e histórico do que propriamente artístico, mas por outro lado não seria prudente julgar a arte cristã primitiva apenas pelos exemplos conhecidos. É possível que uma arte mais elaborada tenha florescido nas igrejas primitivas e a arqueologia ainda não tenha dado a última palavra.
A Arte Cristã teve grande impulso depois do Edito de Milão, quando o Imperador Constantino ordenou a construção de muitas igrejas na Europa, África e Ásia. No início da Era Constantino, os construtores submetiam a edificação de um santuário ao monumento que ele comemorava. Ou seja, o resultado das pesquisas arqueológicas autorizadas limitava os arquitetos, e a glorificação das relíquias encontradas impunha ao cliente uma despesa inevitável, pois estas eram encerradas em mármore e cercadas por colunas, balaustradas e lâmpadas.
«Mosaico da Abside da Igreja Santa Pudenziana, final do século IV - Roma. A cena mostra Cristo entronizado entre os apóstolos, acompanhado por personificações das igrejas da Circuncisão e dos Gentios. Ao fundo, o Gólgota com a cruz colocada por Constantino ou Teodósio»
Os gastos despendidos na preparação desses locais tornavam necessário que os edifícios fossem construídos com maior solidez. Mas as formas arquitetônicas cristãs foram estabelecidas numa época em que os outros tipos de edifícios eram construídos com o emprego de elaborados métodos técnicos. Esses métodos foram usados pela primeira vez nas termas ou banhos públicos - uma grande sala, coberta por três abóbadas ogivais, apoiadas em ambos os lados por abóbadas mais baixas, sustentadas por colunas.
Essas construções assemelhavam-se mais a um frigidário (frigidarium) do que aos edifícios de colunas e tetos de madeira que formavam as basílicas do Fórum original ou mesmo aquelas de Trajano. Diante das novas necessidades das igrejas cristãs, os arquitetos, incapazes de explorar essas inovações, voltaram aos métodos tradicionais, adotando estilos menos complexos, talvez por medida de economia. A evolução da construção das igrejas o leitor pode acompanhar lendo a série de artigos intitulada "A Igreja Através dos Tempos", que nesta edição está na página 17.
Na decoração das igrejas cristãs, as tradições dos artistas romanos foram adotadas sem reservas e seus motivos usados sem qualquer preocupação com as interpretações simbólicas que poderiam ter por parte dos pagãos. A decoração das abóbadas de Santa Constanza, por exemplo, é típica sob esse aspecto. Possui complicados padrões geométricos encontrados em pavimentos de mosaicos dessa época ou anteriores. Em Sousse, ou em Cherchel, no Norte de África, existem muitos exemplos dessa combinação de círculos e polígonos com os lados arredondados contendo pássaros, animais, cupido ou meninas dançando. Do mesmo jeito, cenas da colheita das uvas - o carregamento dos carros de bois e camponeses nus esmagando as uvas - são encontradas através de toda a arte pagã. Os arabescos de videira apresentam os conhecidos putti. O motivo pode ter vindo diretamente, sem transição, de seu significado dionisíaco para simbolizar a Eucaristia; motivos semelhantes podem ser vistos nas catacumbas.
Outro exemplo é o grande mosaico da igreja Aquiléia, que data do início do século IV, onde animais estranhos à simbologia cristã estão dispostos em composições geométricas que formam uma moldura em torno de pássaros, peixes, bustos humanos, cenas como o bom pastor e outras de difícil interpretação. Outra parte do piso representa o mar cheio de peixes, características dos mosaicos alexandrinos. Entre cenas de pesca, vê-se Jonas sendo lançado fora de seu barco e engolido pelo monstro marinho. Em outra parte pode ser visto o profeta adormecido sob o cabaceiro. O motivo cristão é mais uma vez tratado da mesmo forma que nas catacumbas.
Uma iconografia cristã parece ter sido desenvolvida nesse mesmo tempo, como se pode constatar em Santa Costanza, nas conchas da capela da abside, onde Cristo é avistado no céu, sentado sobre o globo, ou de pé sobre a rocha da qual nascem os quatro rios do Paraíso, entregando a Lei aos apóstolos Pedro e Paulo. Os monumentos em Jerusalém parecem ter uma grande variedade de temas que apresentam toda uma série nova de cenas, isoladas ou agrupadas. A iconografia é estável, deixando supor a existência de modelos conhecidos, provavelmente as próprias pinturas e mosaicos que decoravam os Lugares Sagrados. Essas cenas incluem a Ressurreição, com as santas mulheres chegando ao sepulcro, recebidas pelo anjo. Existe a Ascensão, a Anunciação, a Crucificação, a Natividade, a Visitação e o Batismo de Cristo.
O mosaico dos fins do século IV na abside de Santa Pudenziana apresenta Cristo entronizado no centro, cercado dos apóstolos e de duas figuras femininas, interpretadas como alegorias. Uma pedra está atrás do trono (a pedra do Calvário), onde uma cruz está cravada, colocada ali por Constantino, ou por Teodósio II. Ao fundo estão os monumentos de Jerusalém - os santuários colocados em torno dos lugares sagrados já mencionados, e que aqui sugerem a Jerusalém celestial. No céu aparecem os símbolos apocalípticos dos evangelistas. Essa obra, relacionada com os trabalhos de Santa Costanza e com cenas representadas nos sarcófagos e catacumbas, revela uma iconografia já estabelecida, na qual a vida terrestre e a vida celestial de Cristo estão inter-relacionadas como significação da união de duas naturezas numa mesma pessoa. A segunda pessoa da Santíssima Trindade teria sua vida terrestre logo descrita, assim como a história dos patriarcas, nas paredes de Santa Maria Maggiore, em Roma. A partir daí, sua soberania era reconhecida e representada em cenas nas quais o Salvador está entronizado em meio aos apóstolos como um imperador em sua corte. E a Cruz do martírio tornou-se através dos tempos o símbolo do seu triunfo.

Mosaicos de Ravena

Para um melhor entendimento da Arte Cristã nos séculos V e VI, nada melhor do que conhecer Ravena. Nesta cidade, localizada à beira do Adriático, foi que o Imperador Honório se estabeleceu no século V e onde sua irmã Galla Placídia governou para o filho Valentiniano III, dando à cidade o aspecto de capital. Ali também governou o Rei da Itália, Teodorico, e Belisário fez de Ravena a capital do exarcado representante do Estado bizantino no Ocidente.
«A procissão dos Mártires, mosaico do sécs. V e VI em S. Apollinare Nuovo, Ravena. Vista da decoração da parede sul. Sobre os arcos está um friso em mosaicos com a procissão dos mártires, levando ao Cristo entronizado. Em cima, entre as janelas do clerestório, figuras de santos representados como estátuas em nichos; sobre cada janela há um mosaico do ciclo narrativo das cenas da Paixão»
O desenvolvimento da arquitetura e da arte dos mosaicos em Ravena mostra uma fusão de estilos italianos e orientais, sendo um dos exemplos mais bem sucedidos da Arte Cristã. Os mosaicos seriam a decoração das igrejas orientais durante dez séculos consecutivos. Em Ravena, os artífices tiveram que resolver todos os seus problemas - técnicos, decorativos, figurativos e iconográficos -, de uma arte que teve suas origens na Grécia, ficando depois bastante popular em todo o Império Romano.
Inicialmente os mosaicos eram feitos como piso, na Síria e na África e depois encontrados na Sicília, onde se acredita o Imperador Maximiano se exilou. Em Pompéia escavações revelaram que os mosaicos eram usados apenas na decoração de fontes. De alguma forma eles também são usados em monumentos funerários e também, de forma monumental, aparecem nas abóbadas de Santa Constanza. Se durante esse período os mosaicistas tinham limitações ao decorar o piso, por razões de durabilidade, quando os mosaicos murais passaram a ser usados em Ravena, essa limitação acabou, aumentando consideravelmente o uso de cubos de vidro. Os fundos de pedra calcária ou mármore foram substituídos primeiro pelos azuis, depois pelos dourados, proporcionando às composições um brilho esplêndido, e a mesma luminosidade dos interiores das igrejas bizantinas. O efeito azul do mausoléu de Galla Plácidia, enriquecido pelo brilho dourado, revela uma nova sensibilidade e sentimento de cor.
Os artistas passaram a contar com grandes superfícies a serem decoradas no interior das igrejas. Havia não só paredes inteiras a decorar, mas também paredes interrompidas por janelas e arcadas cegas, tímpanos semicirculares e absides hemisférica, cúpulas e abóbadas. O trabalho realizado no octógono de S. Vitale, monumento plenamente bizantino, alcança a culminância do estilo. Continua intacta, no seu presbitério, toda a decoração de mosaicos.
Muitos dos motivos utilizados na decoração já existiam nas catacumbas cristãs, na arte monumental romana e mesmo em épocas anteriores. Desde os assírios o motivo da procissão tinha sido adaptado pelos artistas numa composição retangular onde as figuras da mesma altura seguiam umas às outras. O tema da procissão militar foi seguido pelo da procissão triunfal em direção a um deus ou um rei sentado ao trono, às vezes cercado de dignitários. Este tema tradicional foi magnificamente utilizado em S. Apollinare Nuovo: partindo das cidades de Ravena e Classe, os mártires saem do pórtico em direção à abside para oferecer suas coroas a Cristo e à Virgem. Na mesma S. Apollinare quadros históricos foram colocados em painéis sobre o clerestório, da mesma forma que em Santa Maria Maggiore, meio século antes. Os apóstolos e profetas entre as janelas, com magníficas conchas vermelhas e douradas sobre as cabeças, são lembranças da disposição clássica das estátuas em nichos. O tipo de arranjo parece ser uma tentativa de reproduzir uma decoração em relevo em duas dimensões. Em S. Vitale e em S. Apollinari in Classe consiste a decoração em uma cena triunfal desenrolada no céu - o triunfo de Cristo ou de um santo numa cena simbólica ou figurativa do Paraíso. Essa representação, com vista frontal da figura principal e as figuras de apoio em simetria, apresenta uma visão global, até a extremidade da igreja, de uma imagem de devoção com notável efeito dramático. Este tipo de representação é encontrado através de toda arte bizantina, sempre se mantendo a frontalidade e a simetria.
A existência de um teto independente na composição da basílica obrigava que a decoração fosse fragmentada. Mas a construção das abóbadas fez com que os mosaicos ganhassem mais espaço, resultando em uma unidade decorativa. As figuras tratadas individualmente ficaram desapercebidas, como certas figuras integradas numa folhagem dourada da igreja de Galla Placídia, por exemplo.
«A Imperatriz Teodora e sua comitiva (546/548)- Mosaico do presbitério de S. Vitale - Ravena»
Na igreja de S. Vitale as paredes laterais dos presbitérios são decoradas com um fundo de pedras estilizadas, com desenhos de folhagem, flores e animais. Sobre esse fundo estão colocadas figuras de profetas, tão integrados nesta decoração difusa que pouco são notados. Mas na abóbada, os anjos segurando a grinalda que circunda o Cordeiro de Deus tornam-se os elementos focais da decoração de folhagem que os circunda. Acentuada pelas cores que a cobrem, a arquitetura parece ter sido reinterpretada.
O período coberto pelo pelos monumentos de Ravena é muito instrutivo no desenvolvimento da representação da figura humana. Comparando os dois grupos de apóstolos ou os dois medalhões representando o Batismo de Cristo, de épocas diferentes, nos batistério dos arianos e dos ortodoxos, e comparando os profetas entre as janelas com a procissão de mártires em S. Apollinare Nuovo, nota-se a mesma mudança profunda.
Desde o século V a estilização das vestes vinha sendo acentuada, mas os rostos eram ainda tratados como se fossem retratos pintados.
No século VI surge um novo estilo, mais bem adaptado à decoração monumental, e que precedia de um espírito novo. Nas vestes, por exemplo, não há nenhuma tentativa de modelar os sombrear as cores; elas são simplesmente indicadas por um jogo de linhas destinado a sugerir tanto o movimento do material quanto os dos corpos que cobrem. Esse uso de contrastes de motivos escuros sobre um fundo claro é um efeito de cor. Isso é visto mais claramente quando a toga é substituída pelas clâmides e os tecidos brancos pelos debruns coloridos e brocados. É isso que cria o contraste entre as duas procissões de S. Apollinare Nuovo nas quais as magnificentes vestes da corte de santos são apresentadas como superfície vermelha, ao passo que as figuras dos mártires mantêm um certo relevo, apesar da simplicidade com a qual as dobras de suas togas brancas são desenhadas. Nos famosos quadros que representam Justiniano e Teodora em S. Vitale, surpreende o brilho incomparável da superfície colorida na qual o esplendor das vestimentas e a riqueza dos costumes da corte mesclam-se a uma espécie de maravilhosa tapeçaria.
Observados atentamente, esses quadros não são estáticos, apesar dos movimentos quase desaparecerem na rigidez das vestes e na frontalidade das figuras. Estranha ao Ocidente Romano, esta tradição artística originou-se no Oriente helenizado, onde as tradições levadas por Alexandre até as fronteiras da Índia, desenvolveram-se segundo regras próprias e resultaram em formas artísticas bem diferentes de suas fontes européias. Michael Rostovtzeff chamou estas formas de arte parta, que exerceu influência decisiva sobre a pintura bizantina. A frontalidade geralmente cria uma simetria total nas figuras. Mas também há ocasiões em que as figuras deixam de ser fixadas numa posição frontal por causa da simetria, seja nas procissões ou em uma das cenas mais ativas. Encontram-se alguns rostos completamente de perfil. Com o triunfo destas tendências, penetramos numa nova estética, na qual o realismo e o respeito por volumes e formas cedem lugar à cor e à visão. É um mundo bidimensional que se presta à expressão e ao simbolismo.
«A Transfiguração, (540), mosaico da Abside da Igreja de Santa Catarina»
Dentro destas edificações monumentais e seguindo esta nova estética, os mosaicistas de Ravena trataram os assuntos cristãos que lhe foram encomendados. Curioso é que em Ravena a história religiosa - o Antigo e o Novo Testamento - parece ter sido relegado a um segundo plano, muito embora se encontre sua expressão essencial em S. Apollinare Nuovo. Existem representações dos milagres de Cristo, a traição de Judas, a Ressurreição, etc. Mesmo quando ilustram algum outro episódio bíblico, as pinturas com personagens nos outros edifícios de Ravena parecem ter um valor simbólico. Os profetas e mártires, Reis Magos e anjos que nos transportam para além de nosso mundo estão na cidade celestial. Esta evocação de um mundo melhor, envolto pelo azul do céu e o dourado do sol, é encontrada em todas as obras - e confere à decoração seu valor real. Profetas, santos, apóstolos, mártires, estão em todas as partes proclamando e aclamando a divindade de Cristo e a verdade de sua promessa. Em seus símbolos, como em suas cores, a decoração das igrejas de Ravena revive a esperança de salvação.

Iconografia: «O Iluminismo»

A primeira parte da Bíblia Cristã é o Antigo Testamento, que conta a história do povo judeu. A segunda parte, o Novo Testamento, é basicamente a biografia de Jesus. Em ambos os livros, embora certos capítulos tenham caráter litúrgico, profético ou lírico, o caráter dominante é o narrativo.
Por ser também e principalmente uma religião do livro, e por razões pedagógicas, ou grande necessidade de retratar caracteres e acontecimentos religiosos, muito cedo os cristãos se voltaram para a ilustração de livros. Exemplos dessa antiga arte miniaturista são encontrados em muitos livros de evangelhos. Os antigos exemplares que foram preservados geralmente são do século X e XI, mas existem alguns mais antigos, como os manuscritos púrpura do Gêneses de Viena e os Evangelhos de Rossano, que remontam ao século IV.
«A Ascensão - ilustração em miniatura de evangelhos do século XV»
Através de gerações as iluminuras, a exemplo dos textos, foram copiados e recopiados, não por falta de imaginação, mas para manter o caráter sagrado e inviolável do livro que as figuras ilustravam e que constituem uma iconografia. A exemplo de pintores de afrescos e mosaicistas, os primeiros miniaturistas, para glorificar os principais acontecimentos da história cristã, também faziam representações de determinados episódios.
Os Octateucos e Evangelhos eram amplamente ilustrados, cada parágrafo tinha seu comentário pictórico, assemelhando-se muito às histórias de quadrinhos atuais. É até possível seguir a narrativa acompanhando os desenhos. A origem desta prática é confusa. Sabe-se que no século IV os gregos e romanos usavam desenhos em miniaturas em dois tipos de livros, havendo ainda os "volumina", longos rolos de papiro que aparecem nas mãos de muitas estátuas de cidadãos romanos. Neste caso as ilustrações eram limitadas à largura da coluna. No Rolo de Josué, em pergaminho, as imagens seguem-se umas às outras sem interrupção em longas tiras, como a decoração da coluna de Trajano.
Do século IV em diante, os manuscritos passaram a tomar forma de livros de pergaminho (códices), com as ilustrações ainda colocadas em colunas, algumas se expandindo por toda a página. Com isso as miniaturas tornaram-se verdadeiros quadros. O mesmo esquema era usado na representação de cenas, de um manuscrito para outro. Nos evangelhos, que eram ilustrados cada vez que se fazia uma copia, a semelhança é indiscutível. A obediência a esse modelo não impediu que os pintores usassem as suas habilidades e fizessem encantadoras variações que revelassem o naturalismo, o gosto pelo exótico, e o estilo cheio de vida de diferentes miniaturistas.

FONTE:
Texto de Jean Lassus, professor da Universidade de Sorbonne e do Instituto de Arte e Arqueologia - Paris; Ed. José Olympio e Exped; East Christian Art de O. Dalton e Early Christian Art, de W.F. e Hirmer. Extraído de: A RELÍQUIA - Informativo dos Antiquários, Leiloeiros e Colecionadores" - Rio de Janeiro / São Paulo. Web Site: http://www.areliquia.com.br